sábado, 16 de janeiro de 2010

Psicoterapia, depressão, antidepressivos e autoconhecimento.

Remédios antidepressivos capazes de nos deixar livres de qualquer tipo de vício, além de propiciarem sentimentos de felicidade e paz! É evidente que em nossa sociedade, aonde a dificuldade de sobrevivência cada vez mais brutaliza e estressa o ser humano, notícias como essas são muito bem vindas.

De fato, muitas empresas farmacêuticas estão investindo pesadamente neste segmento, que é altamente rentável e atinge mais de 40% da população mundial. Porém, é importante lembrarmos que há exatamente 20 anos o lançamento da fluoxetine (princípio ativo do Prozac) provocou as mesmas reações eufóricas. Mas, infelizmente, apesar do consumo exagerado deste e de outros antidepressivos ou estabilizantes de humor de última geração, os
problemas emocionais continuam crescendo e provocando muitos danos tanto relacionais quanto orgânicos.
Não podemos terceirizar a responsabilidade que devemos ter com a nossa felicidade. Ela não pode vir por meio de coisas externas, pois a verdadeira e perene felicidade só pode acontecer na jornada do autoconhecimento e do


e do encontro de sentido e significado existencial. Nem o dinheiro pode ser instrumento para se atingir a felicidade, pois feliz é quem gosta de viver e tem fé na própria vida, independente dos percalços tristes que possam atingi-lo.

O medicamento pode ser um instrumento momentâneo para quem está sofrendo e não está conseguindo se libertar dos pensamentos e emoções destrutivas. Hoje nós sabemos que existe uma estreita relação entre a emoção e a bioquímica corporal e, neste caso, a medicação pode, de fora para dentro, tentar restabelecer o equilíbrio. Porém, se não houver uma mudança no padrão de crenças e de pensamentos, o organismo vai criando resistência ao remédio e todos os sintomas reaparecem. Nesse momento é que os novos produtos, que obviamente são mais caros, substituirão os antigos e a cura, infelizmente, fica de lado.

Produzem mudanças químicas, principalmente no equilíbrio da dopaminégico. A dopamina é um mensageiro químico que estimula os centros cerebrais de prazer e satisfação, capaz de mudar o humor. As sinapses são as ligações que acontecem entre os neurônios, que são as células cerebrais. Quanto mais rede sináptica, mais maduro e eficiente é o cérebro. As sinapses excitadoras aumentam o fluxo de substâncias químicas, como a dopamina, associada ao sentimento de euforia, enquanto as sinapses inibidoras impedem estes fluxos. Ambas são importantes para a homeostase neuropsíquica.

É importante saber que qualquer célula é uma pequena unidade de consciência que age exclusivamente dentro dos princípios de sobrevivência biológica e de sua especificidade. Com isso, cada célula aprende com as experiências de gratificação e recompensa, além de transmitir para sua descendência esse aprendizado. Então, as novas células serão muito mais capacitadas para a realidade bioquímica, equivalente ao ambiente emocional mais dominante da pessoa, com o aumento ou a ativação dos receptores da bioquímica mais disponível. O cérebro, por sua vez, é formado por células muito mais específicas para formar rede de relacionamento e informação. Desta forma, os antidepressivos são substâncias que interferem quimicamente no sistema de recompensas.

O tratamento baseado exclusivamente aos aspectos físico-químicos ou comportamentais da depressão se restringirá à exterioridade adaptativa do paciente. Mas, na maioria das vezes, fica limitado da compreensão do significado emocional do sintoma, incluindo as vivências individuais, familiares, socioculturais e espirituais presente na vida do depressivo, e o


papel que essas vivências produziram no desenvolvimento da personalidade e da cultura. Principalmente porque acredito que é por meio da atribuição de significados simbólicos aos sintomas de adoecimento que poderemos compreender a alma humana, estudar o sistema nervoso e o funcionamento dos neurotransmissores.

A Psicologia junguiana, mais especificamente, irá estimular o processo de elaboração simbólica, com intuito de ampliar a consciência de si mesmo, o self, como o centro e a finalidade última de toda a atividade vital. Esse processo se dá a partir da conscientização das personas, as máscaras sociais e os personagens atuantes em cada indivíduo. Com a percepção consciente da persona imediatamente vão surgindo os aspectos sombrios e toda história evolutiva do ser e da humanidade, estruturados no quatérnio arquetípico matriarcal, patriarcal, de alteridade e de totalidade. Esses quatro dinamismos, por sua vez, operam através da atividade criativa e centralizadora do arquétipo central.

Concluo deixando claro que depressão é sinônimo de negação de vida. A vida, por sua vez, depende das relações e das trocas. Por isso é muito importante entendermos que depressão não é sinônimo de tristeza. A tristeza é oposta da alegria e a depressão é oposta da felicidade. Uma pessoa que conquistou a felicidade, por ter encontrado um sentido e o significado da sua vida, saberá lidar tanto com os momentos de tristeza, sem cair em depressão, quanto com os de alegria, sem pender para a euforia. Ou seja, a felicidade é um estado de espírito que, depois de conquistado poderá ser perene, apesar das oscilações naturais da vida. E que a felicidade é uma conquista consciente daquele que teve a coragem de se enfrentar num processo de autoconhecimento, encarando as personas, a sombra e o inconsciente.


Você ingere algum remédio antidepressivo? Qual é a melhora sentida com o uso dele?

Dr. Waldemar Magaldi Filho

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Depressão: O mal da vida moderna.


Por: Alessandra Ferreira

Segundo a Organização Mundial de Saúde, OMS, a depressão é "um transtorno mental comum, caracterizada por tristeza, por perda de interesse ou prazer, pela diminuição da concentração, pela existência de sentimentos de culpa e baixa auto-estima, por distúrbios do sono ou do apetite e pelo desânimo. Estes problemas podem se tornar crônicos ou recorrentes, prejudicando substancialmente a capacidade do indivíduo de lidar com a vida diária. Na sua forma mais grave, a depressão pode levar ao suicídio. A maioria dos casos pode ser tratada com medicação ou psicoterapia."

Recentemente, durante a primeira Cúpula Global de Saúde Mental - realizada na Grécia, a OMS fez um importante e preocupante alerta: a depressão será a doença mais comum do mundo até 2030 e será a maior causa de perdas entre todos os problemas de saúde, incluindo-se ai câncer e aids, principalmente em países em desenvolvimento.
De acordo com os dados da Organização, cerca de 450 milhões de pessoas em todo o mundo sofrem com transtornos mentais, sendo a depressão responsável pelo maior número de casos. Para os estudiosos, as exigências do mercado de trabalho, cada vez mais estressante, e da vida moderna são fatores determinantes para o desenho deste quadro.

A depressão pode ter características biológicas e costuma mostrar seus primeiros sintomas na adolescência; ou pode ser desenvolvida por pressões do meio. Daí o alerta da OMS para os países em desenvolvimento que, além de deixarem sua população mais suscetível ao estresse em decorrência das desigualdades sociais, em sua maioria, não possuem políticas de saúde voltadas para o auxílio do indivíduo que sofre com este problema. Para os países mais pobres, os efeitos de uma população deprimida podem ser sentidos na economia, já que um trabalhador, com qualquer tipo de transtorno mental, tem uma queda em sua produtividade.

É fundamental não confundir a depressão com tristeza comum. A tristeza, como explicam especialistas, é uma experiência vivida por qualquer um em vários momentos da vida, por diversas razões. Já a depressão é um quadro crônico que se caracteriza pelos sintomas listados anteriormente e que simplesmente impede o indivíduo de conduzir normalmente sua vida.
No Brasil, milhões de brasileiros sofrem com este problema, que tem se manifestado cada vez mais cedo, aumentando as estatísticas de sua ocorrência entre crianças e adolescentes. Aliás, nos últimos 20 anos, este aumento causou um reflexo negativo dos mais assustadores, já que elevou o número de suicídios em 20 vezes, de acordo com dados do Ministério da Saúde.

Desde o início dos anos 90, contudo, o país possui um estatuto que visa auxiliar e garantir a cidadania e os direitos de qualquer indivíduo com transtornos mentais, incentivando "a criação de serviços em saúde mental de atenção comunitária, pública, de base territorial, ao mesmo tempo em que se determina a implantação de critérios mínimos de adequação e humanização do parque hospitalar especializado.". Além do governo, iniciativas como a do CVV - Centro de Valorização da Vida - tem um importante papel no auxílio a esta pessoa que procura ajuda.

Aliás, este é o primeiro passo. Ao reconhecer o problema, o doente não deve sentir vergonha de procurar ajuda. Ainda que o acesso aos tratamentos gratuitos não seja satisfatório, existem ONGs, universidades e hospitais que realizam programas voltados para cuidar este tipo de doença.

A previsão da OMS é assustadora, mas ainda há tempo de reverter este quadro. Se você conhece alguém com este problema, ajude-o, o apoio de amigos e parentes é fundamental. Se você sofre deste mal, trate-se! Não perca a oportunidade de viver bem a sua vida!